Polícia desarticula esquema de "concursos fake" que movimentou milhares e ostentava luxo em Aracaju

Grupo anunciava falsos concursos públicos via redes sociais; em Aracaju foram apreendidos carros de luxo, R$ 200 mil em espécie, aparelhos e roupas de grife

Aracaju (SE) – A Polícia Civil de Sergipe deflagrou nesta sexta-feira (24) uma grande operação que culminou na desarticulação de uma quadrilha especializada em aplicar golpes por meio de anúncios falsos de concursos públicos nas redes sociais, principalmente via Facebook Ads. O grupo chegou a abrir mais de 600 boletins de ocorrência em diversos estados apenas no último ano, segundo estimativas das autoridades.

A investigação apontou que os falsos editais eram divulgados em páginas que imitavam órgãos públicos, e os candidatos pagavam taxas de inscrição para processos seletivos completamente fictícios. Foi levantado que, em menos de um ano, o prejuízo estimado das vítimas ultrapassa a casa das centenas de milhares de reais.

Luxo e ostentação em Aracaju

O destaque da operação é um imóvel de alto padrão no bairro Jardins (Aracaju), que servia como base principal das atividades da quadrilha. No local morava o adolescente de 16 anos, apontado como um dos operadores centrais do esquema. O aluguel da mansão era estimado em R$ 20 000 por mês.

Durante buscas e apreensões, a polícia encontrou:

  • R$ 200.000 em espécie no imóvel;
  • Quatro aparelhos do tipo iPhone 16 usados como "central de atendimento" para comunicação com vítimas;
  • Dois MacBook utilizados para fazer operações de marketing e cadastro de vítimas;
  • Roupas e acessórios de luxo das marcas Dior e Gucci;
  • Um veículo BMW 320i e outro Porsche 911 Preta, ambos apreendidos no local.

De acordo com o delegado responsável pela apuração, André Pinheiro Baronto (diretor do Departamento de Crimes contra o Patrimônio – DEPATRI da PC SE), "o nível de organização e ostentação do esquema chamou atenção. Eles usaram perfis falsos, empresas de fachada e anúncios pagos para dar aparência de legitimidade aos concursos."

Ramificação em São Paulo

Paralelamente, outro núcleo da quadrilha operava na capital paulista. Em São Paulo, um dos membros foi localizado residindo em um apartamento de luxo com aluguel estimado em R$ 10 000 por mês, na zona sul da cidade. Esse local servia para subsidiar a estrutura de marketing digital e atendimento a vítimas.

O esquema por trás do golpe

A investigação concluiu que o grupo montou diversas empresas de fachada, registradas com CNPJs e operações aparentemente legítimas, para "dar cobertura" aos golpes online. As vítimas eram atraídas por anúncios pagos no Facebook com promessas de concursos públicos com alto número de vagas, na maioria dos casos inexistentes. Após o pagamento das taxas de inscrição, as folhas de respostas ou contatos nunca apareciam — ou então eram fornecidos links que ficavam fora do ar logo em seguida.

Segundo depoimento de uma das vítimas:

"Achei que fosse real porque o anúncio tinha patrocinado, parecia confiável… e paguei a taxa. Quando fui ver, não tinha nenhuma confirmação do órgão real."

Os investigadores ressaltam que o uso de anúncios pagos, perfis aparentemente oficiais e links de acesso simulados dava credibilidade ao golpe e dificultava a identificação imediata da fraude.

Investigação em andamento

Agora a Polícia Civil em Sergipe, com cooperação interestadual com São Paulo, busca identificar todos os envolvidos, bem como rastrear o destino dos valores usados para aquisição de bens de luxo. O adolescente de 16 anos permanece apreendido para medidas socioeducativas. Outros integrantes serão indiciados por estelionato, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

A PC SE orienta que candidatos a concursos públicos sempre verifiquem através do site oficial do órgão público correspondente se o edital é verdadeiro antes de efetuar qualquer pagamento. Em caso de suspeita de golpe, registre um boletim de ocorrência.

Atenção! Antes de se inscrever em qualquer concurso público, sempre verifique a autenticidade do edital no site oficial do órgão responsável. Desconfie de anúncios em redes sociais e nunca pague taxas sem confirmar a veracidade do certame. Em caso de suspeita, denuncie através do telefone 197 (Polícia Civil) ou registre um boletim de ocorrência online.